PESCA NA AMAZÔNIA: O Tucunaré nas situações Mais Desafiadoras! – Portal Pesca Amadora Esportiva PESCA NA AMAZÔNIA: O Tucunaré nas situações Mais Desafiadoras! | PESCA NA AMAZÔNIA: O Tucunaré nas situações Mais Desafiadoras! – Portal Pesca Amadora Esportiva

PESCA NA AMAZÔNIA: O Tucunaré nas situações Mais Desafiadoras!

Quem pesca na Amazônia espera fartura. E, não tenha dúvida, toda temporada tem peixes reunidos na calha do rio. Tem muito peixe. Mas às vezes, especialmente na pesca do tucunaré, nossas iscas passam na cara deles e eles simplesmente nos ignoram.

PESCA DE TUCUNARÉ: SITUAÇÕES MAIS DESAFIADORAS
Há duas situações extremas em que a pesca do tucunaré fica bastante técnica. Uma delas é nos repiquetes, que são pequenas cheias na vazante ou no meio do período seco.

Mas, de outro lado, a seca extrema também complica a nossa pescaria. Vamos tentar entender o que acontece em cada uma dessas situações e ver algumas estratégias para capturar os tucunarés.

REPIQUETE – CHEIA REPENTINA
Jansen Zuanon pesquisador no Inpe.Uma das situações mais conhecidas de pesca difícil é quando enfrentamos o repiquete, especialmente no Rio Negro. As cheias fora de hora mudam completamente o comportamento do peixe. E ele simplesmente parece não se importar com nossas iscas.

Para descobrir por que isso acontece, o blog Missão Pesca conversou com o pesquisador Jansen Alfredo Zuanon, do INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

E nosso desafio é realmente grande porque “ninguém estudou isso até hoje”. É com essa frase que Jansen começa sua explicação. Ninguém estudou os efeitos desta subida repentina da água no comportamento dos peixes.

Mas, com a experiência de pesquisador, Jansen possui algumas hipóteses para explicar o que a chuvas causam junto aos peixes.

SUBIDA DE ÁGUA EM LAGOAS FECHADAS
As lagoas fechadas são cercadas por muitas folhas mortas e material orgânico. Quando a chuva vem durante a seca o processo de decomposição acelera e substâncias como amônia e nitrito vão para o lago. Isso piora as condições da água e fazem cair a quantidade de oxigênio.

O peixe sente isso rapidamente e passa a economizar energia. Ele só quer respirar e ficar vivo. O tucunaré perde o interesse pela isca e pelas atividades de alimentação.

SUBIDA DE ÁGUA EM RIOS E AMBIENTES ABERTOS
Neste caso, Jansen acredita que a diminuição de atividade dos peixes seja puramente comportamental. Não há um elemento físico, como a falta de oxigênio, por exemplo, que interfira na dinâmica dos peixes.

Jansen diz que quando o rio está baixando e tem uma subida de água repentina, o peixe interpreta aquilo como um sinal ambiental estranho. Neste momento ele começa a se preparar para entrar na floresta alagada e para se reproduzir.

Jansen diz que é provável que esta quebra no pulso natural de inundação confunda os peixes, que estão habituados a um ritmo previsível de subida e descida das águas. Neste momento ele para de comer.

Mais uma vez, Jansen reforça que esta é uma hipótese, já que nunca ninguém estudou o comportamento dos peixes amazônicos nesta situação.

PESCA DE TUCUNARÉ NO REPIQUETE
Pescar com iscas artificiais no repiquete é uma situação que mete medo até nos pescadores mais experientes. Troquei mensagens sobre isso com um dos maiores conhecedores da pesca na Amazônia, Giovani Papa. Ao perguntar a ele qual a estratégia para pescar no repiquete, a resposta representou a imensa maioria de nós:
– Vixi rsrs

O desespero é evidente(rsrsr). Mas, claro, ele contou o que costuma fazer neste tipo de situação. Na opinião do Giovani, JIG e soft bait são as melhores opções para enfrentar essas pequenas cheias durante a vazante.

-É preciso trabalhar lá no fundo… “E rezar…rsrsr”

ISCA BARULHENTA NÃO!!
E, pra tentar ajudar o pescador, compartilho aqui também informações do curso ABC da Pesca, de Eduardo Monteiro. Ele explica que iscas barulhentas não são muito adequadas neste período. Algumas delas, como as hélices, podem até afugentar o peixe se ele estiver muito próximo.

O ideal é colocar a isca na cara do peixe de maneira silenciosa e discreta. E para isso, ele também aposta no JIG de pelo, que pode funcionar muito bem. Se o peixe estiver no fundo, ele diz que o ideal é trabalhar através da pindoca. Deixe a isca chegar ao fundo e de dois ou três toques secos para cima com a ponta da vara, e então deixe o Jig descer de novo.

Soft bait com Jig head também funciona desta mesma forma.

E uma isca que tem dado bons resultados é o Spinner Bait. Basicamente uma união do JIG de pelo com a colher, duas iscas matadeiras. O resultado dessa união costuma trazer alegria ao pescador, mas o repiquete não é o único momento crítico.

SECA EXTREMA – ÁGUA LEITOSA
Em lagoas fechadas e em alguns rios de água preta, como no Juma ou no Uatumã, o problema não é o repiquete, mas a seca extrema. Neste momento, a água começa a ficar com muito material em suspensão, com aspecto barrento. Na expressão amazônica, o rio se torna de água branca.

Jansen, do INPA, explica que esse efeito é uma exclusividade dos rios de água preta. O grande problema é o aumento da temperatura. Com a temperatura mais alta, cai o índice de oxigênio e deixa os peixes mais parados.

ÁGUA COM BAIXA VISIBILIDADE

Nesta situação, com aumento dos sedimentos, a visibilidade na água cai muito. E como um o tucunaré é um peixe essencialmente visual. Sem ver enxergar bem a isca, ele passa a atacar bem menos.

PESCA DE TUCUNARÉ NA SECA EXTREMA
Em uma pescaria no rio Juma, em dezembro de 2020, me deparei com esta situação. Uma novidade para mim. Então a palavra do piloteiro era uma ordem.

Quem estava comigo era Davi Gomes, da Pousada Sol do Amanhã. A primeira coisa que ele me orientou foi arremessar no meio, nas áreas mais fundas. A iscas eram os Jigs e soft baits com anzol off set lastreado.

Com trabalho lento, no fundo, deu certo. Saíram alguns bons exemplares na casa dos 70 cm.

Mas além da experiência do guia de pesca, também trago aqui as opiniões dos professores Giovani Papa e Eduardo Monteiro.

ISCAS DE CORES SÓLIDAS
Em seu curso, ABC da Pesca, Eduardo diz que em situação água “suja”, as cores precisam ser mais vibrantes. Vermelho, verde limão, rosa são excelentes.

UMA APOSTA NO BARULHO
E Giovani Papa costuma fazer experiências para definir qual tipo de isca dá melhores resultados. E ele conta que faz duas apostas extremas:

– Eu coloco iscas grandes e barulhentas, na superfície. Ou então coloco iscas menores com trabalho mais lento. Isca que vibra mais, isca que treme mais, principalmente se for isca de barbela. Isca que trabalha mais lentinho. E sempre buscando áreas um pouco mais fundas fora da água suja. Se a água estiver muito suja, aí não tem jeito, vou para o barulho em cima da água.

Hélice e Zara com ratling forte estão valendo.

O PRAZER DE VENCER DESAFIOS
É claro que queremos sempre uma pesca abundante. Mas, pescaria é vencer desafios. Diante de condições críticas, cada peixe que conseguimos ao utilizar as técnicas necessárias, se torna ainda melhor.

Pesca precisa sim de paciência, mas acima de tudo, o bom pescador é um estudioso dos rios, dos peixes e das técnicas, que evoluem a cada momento.

Eduardo Lacerda
É  jornalista, trabalhou por 10 anos no programa Terra da Gente, da EPTV – afiliada à Rede Globo – fazendo reportagens sobre natureza e pesca esportiva.  Atualmente atua como agente de turismo com foco em destinos de pesca. Também mantem um blog pessoal sobre o tema em seu site  missaopesca.com.br

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